sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Veículos apreendidos pela Polícia se acumulam ao lado de delegacias do interior
Cidades cearenses ganharam modernas delegacias de Polícia Civil, com fachadas bonitas, mas ao lado dessas unidades carros e motos apreendidos formam um verdadeiro depósito de veículos que se estragam com a ação do sol e da chuva. Esse mesmo problema se repete nas sedes dos Detran no interior cearense, com carros e motos amontoados ao lado das pistas de prova de habilitação.

Para servidores, a existência desses veículos em depósitos abertos, lotados, cheios de mato, constitui “um problema e um calo para a Polícia Civil”.

Encontramos um exemplo em Iguatu, na região Centro-Sul cearense. Ao lado da delegacia regional de Polícia Civil estão dezenas de carros e motos. O espaço já está lotado. Entre agosto a dezembro – quando o mato seca, o risco de incêndio aumenta e não foi por menos que já ocorreram.

“Já tivemos dois incêndios que destruíram cerca de oito veículos. Não sabemos o que fazer com esses carros e motos”.
Marcos Sandro de Lira, Delegado regional de Polícia Civil de Iguatu
Marcos Sandro de Lira contou que já tentou um convênio com a Prefeitura de Iguatu para retirada dos veículos e colocação em outro depósito cedido pelo município, mas a ideia não avançou.

Em Quixadá, o depósito fica localizado a 4km do centro urbano e ficou abandonado depois da construção da nova delegacia de Polícia Civil. Resultado: já houve furtos de peças e até de veículos.

Só há depósitos próprios do governo do Estado nas cidades de Sobral, Juazeiro do Norte e em Fortaleza.

Os veículos apreendidos pela Polícia Civil decorrem de envolvimentos em crimes – acidentes, adulteração, condução de drogas, clonagem, lavagem de dinheiro – e após conclusão de inquérito policial ficam à disposição da Justiça, que não recebe mais essas unidades. É preciso, portanto, aguardar o julgamento dos processos e a decisão judicial, que não há prazo.
(Foto: Wandenberg Belém)

Com o decorrer dos dias, os depósitos vão ficando lotados e apresentam além do aspecto do impacto estético da cena urbana, o risco de acumularem água e propiciar focos de insetos, como o mosquito que transmite a dengue.

O delegado Marcos Sandro pontuou que “infelizmente a existência desses depósitos é uma realidade da maioria das delegacias do interior, que atrapalham o desenvolvimento dos nossos serviços, pois a área precisa de constante vigilância e manutenção”.

Detran
O Departamento Estadual de Trânsito do Ceará (Detran) informou em nota que “os veículos removidos em operações de fiscalização, por estarem em situação irregular, são encaminhados para seus depósitos e aqueles que não são resgatados pelos seus respectivos donos são encaminhados para leilões, após prazo de 60 dias”.

O órgão informou que “todas as medidas sanitárias e necessárias para prevenir o acumulo de água são feitas em períodos de chuva, assim como realiza o monitoramento de cada veículo para resguardar o seu devido estado, mantendo toda a sua estrutura e característica para o resgate do proprietário ou encaminhamento para leilão”.

A nota esclarece ainda que “em casos de veículos envolvidos em operações policiais, é necessário que a própria polícia faça os procedimentos necessários da ocorrência e depois entre em contato com o Detran para solicitar a remoção do veículo”.

Retiradas
A Polícia Civil do Ceará esclareceu que “recebe veículos apreendidos vinculados a procedimentos policiais instaurados diariamente e que constantemente são realizadas as retiradas desses veículos para não comprometer o fluxo das ruas que compõem o entorno das delegacias.

Por último, o órgão ressaltou que “possui pátios onde os veículos apreendidos são devidamente alocados esperando uma destinação pelo Poder Judiciário”.

Por Honório Barbosa

Fonte: Diário do Nordeste

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