A Justiça aceitou a denúncia contra quatro policiais suspeitos de envolvimento na morte de um adolescente de 15 anos na cidade de São Gonçalo do Amarante, na Grande Fortaleza, assassinado com um tiro quando saía do quintal de casa em busca de cavalo. A suspeita é que os policiais tenham atirado em Pedro Kauã Moreira Ferraz por engano, durante as buscas por um criminoso. Os policiais foram presos em abril deste ano.
Conforme decisão da Justiça, os policiais vão responder por homicídio qualificado, tortura, omissão de socorro, coação no curso processual e fraude processual.
Uma câmera de segurança flagrou o momento em que policiais negaram socorro ao adolescente. No vídeo, Pedro já aparece ferido, sendo amparado pelos parentes, que pedem ajuda aos policiais que estavam no quintal da propriedade. Os agentes olham para o jovem baleado, mas não atendem aos pedidos de socorro e deixam o local.
Negação de socorro
Policiais não socorreram adolescente de 15 anos que morreu após ser baleado por agente. — Foto: Reprodução
O adolescente só foi socorrido momentos depois, pelos próprios parentes, que o levaram ao Hospital de São Gonçalo do Amarante, com um tiro nas costas. A bala perfurou o pulmão e o adolescente não resistiu aos ferimentos.
"Eles [policiais] ficaram tão desorientados que eles mesmo saíram. Eu disse: ‘socorram meu filho, socorram meu filho’. Eu gritando para eles socorrerem meu filho e eles não socorreram. Meu cunhado que pegou a chave do carro e levou meu filho para o hospital", relatou Euzanira Moreira, mãe de Pedro Kauã, à época do crime.
Conforme familiares, Pedro Kauã estava na casa da avó com a família quando foi informado que o cavalo dele havia saído da propriedade. Ao sair no quintal em busca do animal, o jovem foi baleado por um agente, que atendia uma ocorrência nas proximidades do imóvel.
"Ele estava jantando quando minha irmã disse assim: 'Pedro Kauã, teu cavalo soltou'. Ele imediatamente saiu correndo para alcançar o cavalo do outro lado da rua. Quando dei fé a gente ouviu uns papocos de tiros. Aí lá vem meu filho correndo com a mãe no peito. Eu disse: 'Meu filho, o que foi isso?' E ele disse: 'mãe, foi a polícia'", falou a mãe do adolescente.
À época, a Polícia Militar não confirmou que o tiro que matou o jovem foi disparado por policiais. A corporação disse apenas que apreendeu arma e droga durante uma ocorrência no local e "no decorrer das diligências, os policiais foram informados que um adolescente foi atingido durante a troca de tiros". A família do garoto informou que ele não estava armado e não se envolveu em troca de tiros.
A corporação não respondeu sobre a denúncia de omissão de socorro ao adolescente por parte dos agentes.
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